Guias de conduta da colaboração ESPGHAN/NASPGHAN para o tratamento da Síndrome do Intestino Irritável e Dor Abdominal Funcional Inespecífica em crianças com idades compreendidas entre 4-18 anos (Parte 3).
Prof. Dr. Ulysses Fagundes Neto
A renomada revista JPGN publicou um artigo de prática clínica, em julho de 2025, intitulado “ESPGHAN/NASPGHAN guidelines for treatment of irritable bowel syndrome and functional abdominal pain‐not otherwise specified in children aged 4–18 years”, de Jip Groen e cols., que abaixo passo a resumir em seus principais aspectos.
Postulados para a melhor prática
- O grupo de trabalho (GT) afirma que uma ênfase especial deve ser observada na educação, no que diz respeito ao diagnóstico da Dor abdominal relacionada aos Transtornos da Interação Intestino-Cérebro (DA-TIIC), durante as consultas ambulatoriais iniciais. A educação deve focalizar a respeito da natureza do diagnóstico, a relevância da conexão entre o Trato digestivo-cérebro, os efeitos do estilo de vida, e outros gatilhos, e, desenhar uma abordagem e opções quanto ao potencial de tratamento.
- O GT reconhece que opções dietéticas de tratamento podem parecer inofensivas e, portanto, recebem uma consideração como ponto inicial de opção terapêutica, particularmente em famílias motivadas. O GT deseja enfatizar que dietas restritivas, podem tornar-se não realistas ou mesmo desproporcionais quanto ao comprometimento das crianças e devem ser empregadas com a mesma consideração que for proposta para intervenções ativas, com particular precaução nas crianças com fatores de risco para transtornos alimentares. O GT fez recomendações graduais a respeito de alguns preparados específicos probióticos/simbióticos, mas outras preparações não têm evidência suficiente ao nível das cepas para dar suporte a tais recomendações em virtude do baixo número de estudos e das variáveis de desfecho.
- O GT reconhece que analgésicos que não necessitam prescrição médica são frequentemente utilizados. Entretanto, eles podem ter um papel no controle sintomático de forma intermitente ou periódica, nesse sentido, o GT levanta uma preocupação quanto a dosagem e a duração desta prática.
- O GT entende que diversas terapêuticas analgésicas alternativas não devem ser utilizadas sem o aconselhamento de um especialista apropriado com suficiente expertise no tratamento da DA-TIIC refratária.
- O GT reconhece que o uso de antiespasmódicos anticolinérgicos é comumente utilizado para o controle dos sintomas na DA-TIIC, porém, não há evidência para apoiar ou rejeitar o seu uso como tratamento.
- O GT sugere a indicação de Loperamida como opção terapêutica para o controle dos sintomas em pacientes com SII-D.
- O GT sugere a utilização de sequestrador dos ácidos biliares como uma opção terapêutica nos pacientes com SII-D.
- O GT se manifesta contra o uso de canabinoides para o tratamento da DA-TIIC.
- O GT se manifesta fortemente contra a recomendação para o uso de cirurgia na avaliação e tratamento da DA-TIIC.
Referências Bibliográficas
- Groen J e cols. – JPGN 2025;81:442-471
- Hyams JS e cols. – Gastroenterology 2016;150:1456-1468
- Rutten JMTM e cols. -JAMA Pediatr 2017;171:470-477
- Jafari SS e cols. – Clin Exp Pediatr 2022;65:589-594
