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10.1- Parque Indígena do Xingu (PIX)

O PIX foi criado em 1961, pelo governo federal, tendo por finalidade a preservação da população indígena ali localizada, bem como sua cultura, prestando-lhe assistência e defendendo-a de contatos prematuros e nocivos com as frentes de ocupação da nossa sociedade. A preservação da flora e da fauna também fazem parte das finalidades precípuas do PIX, evitando, assim, o avanço da exploração agropecuária de forma indiscriminada, cujos interesses vêm sendo cada vez mais despertados pelas terras do Brasil Central. Na ocasião da fundação a direção do PIX foi entregue aos irmãos Villas Boas (Cláudio e Orlando), os quais, juntamente com outro irmão, Leonardo já falecido, haviam chegado à região em 1946 como membros da expedição Roncador-Xingu. Esta expedição tinha, entre outros, o objetivo estratégico de interiorização do Brasil para preservar nossa soberania na região Amazônica. Cláudio e Orlando permaneceram à testa da direção do PIX até finais dos anos 1970, quando então se aposentaram (Figura 1).

Figura 1- Cláudio Villas Boas (sem camisa), que vivia no Posto Diauarum, em uma de suas raras visitas ao Posto Leonardo.

Figura 1- Cláudio Villas Boas (sem camisa), que vivia no Posto Diauarum, em uma de suas raras visitas ao Posto Leonardo.

Figura 2- Exemplo típico da fauna xinguana preservada fazendo parte integrante da própria comunidade

Figura 2- Exemplo típico da fauna xinguana preservada fazendo parte integrante da própria comunidade

Figura 3a - Exemplo típico da fauna xinguana preservada fazendo parte integrante da própria comunidade

Figura 3a – Exemplo típico da fauna xinguana preservada fazendo parte integrante da própria comunidade

Figura 3b - Exemplo típico da fauna xinguana preservada fazendo parte integrante da própria comunidade

Figura 3b – Exemplo típico da fauna xinguana preservada fazendo parte integrante da própria comunidade

Figura 4- Exemplo típico da fauna xinguana preservada fazendo parte integrante da própria comunidade

Figura 4- Exemplo típico da fauna xinguana preservada fazendo parte integrante da própria comunidade

Figura 5- Exemplo típico da fauna xinguana preservada fazendo parte integrante da própria comunidade

Figura 5- Exemplo típico da fauna xinguana preservada fazendo parte integrante da própria comunidade

Figura 6- Exemplo típico da fauna xinguana preservada fazendo parte integrante da própria comunidade

Figura 6- Exemplo típico da fauna xinguana preservada fazendo parte integrante da própria comunidade

Figura 7- Vista aérea da região próxima ao PIX, evidenciando o avanço do desmatamento nas vizinhanças, restando apenas uma pequena mancha verde de floresta.

Figura 7- Vista aérea da região próxima ao PIX, evidenciando o avanço do desmatamento nas vizinhanças, restando apenas uma pequena mancha verde de floresta.

A partir desta época, até os dias atuais, vários outros administradores passaram pelo PIX, porém, a filosofia originalmente implantada manteve-se totalmente preservada (Figuras 2-3-4-5-6).

A política instituída pelos irmãos Villas Boas mostrou-se extremamente vitoriosa, pois foi possível resguardar a área da ocupação, sempre iminente, pelos segmentos da nossa sociedade que atualmente cercam o PIX com interesses para implantar estabelecimentos agropecuários, colocando em risco a civilização xinguana, bem como, sua fauna e flora (Figura 7).

O PIX está localizado no extremo norte do Estado de Mato Grosso e abrange uma área retangular de aproximadamente 20.000 km2 (extensão territorial do tamanho da Bélgica), cuja a altitude média é de 250 metros, numa zona de transição entre o Planalto Central e a Amazônia, com características naturais, fauna e flora dessas duas regiões brasileiras, acompanhando o rio Xingu desde suas cabeceiras até a divisa com o Estado do Pará (Figuras 8-9).

Figura 8- Mapa do Brasil com detalhe da localização do PIX.

Figura 8- Mapa do Brasil com detalhe da localização do PIX.

Figura 9- Mapa detalhado do PIX e suas principais aldeias.

Figura 9- Mapa detalhado do PIX e suas principais aldeias.

Trata-se de uma região plana e a vegetação encontra-se nos limites da floresta equatorial do vale amazônico, que predomina à medida em que se aproxima do norte, posto que as árvores se encorpam resultando em uma floresta de transição para a do tipo amazônico. Por outro lado, ao sul avistam-se as últimas manchas do cerrado do Brasil Central, interrompidas pelas matas ciliares, alternando-se com as florestas de galeria que acompanham o curso dos rios e as margens dos numerosos lagos. O PIX, pelo seu aspecto geofísico e pelas características culturais das tribos indígenas que ai vivem, pode ser dividido em duas áreas: a primeira, ao norte ou Médio Xingu, tendo como centro administrativo o posto Diauarum (onça preta) (Figuras 10-11-12-13-14-15-16-17-18-19-20-21-22-23-24-25-26).

A segunda região, ao sul denominada Alto Xingu, onde está situado o posto Leonardo Villas Boas, e ao seu redor estão distribuídas as diversas aldeias que constituem o que Galvão denominou “área cultural do Alto Xingu” (Figuras 27-28-29-30-31-32).

Escavações realizadas na área por arqueólogos, na década de 1960, possibilitaram o encontro de vestígios que levam a crer que a ocupação do Alto Xingu remonta há séculos, entretanto, os primeiros relatos sobre os índios da região foram feitos por Steinen, que a visitou em duas expedições nos anos de 1884 e 87. Pela descrição por ele realizada, verifica-se que a área do Alto Xingu era habitada, naquela ocasião, pelas mesmas tribos que aí vivem nos dias atuais, a saber: Auiti, Uaurá, Kalapalo, Kamaiurá, Kuicuru, Iaualapiti, Meinaco, Matipu-Nafuqua e Trumai.

As dificuldades de acesso à região, decorrentes da existência de uma série de quedas d’água que se estendem da cachoeira de Von Martius para o norte, no curso médio do rio Xingu, e da existência do vasto e inóspito chapadão mato-grossense, ao sul, permitiram que esta área permanecesse indevassada até o final do século XIX, portanto, por sua natureza geográfica essa área de caracterizou, até há pouco tempo, como “refugio” para os grupos tribais que para lá foram se dirigindo. Refugiados, esses grupos ali permaneceram resguardados de incursões alienígenas da sociedade “dita civilizada” e ou de outras tribos indígenas.

Figura 11- Vista dos banheiros em 1971.

Figura 11- Vista dos banheiros em 1971.

Figura 10- Vista do acampamento dos médicos em 1971.

Figura 10- Vista do acampamento dos médicos em 1971.

Figura 12- Uma visão do rio Xingu ao cair da tarde em 1971.

Figura 12- Uma visão do rio Xingu ao cair da tarde em 1971.

A radicação secular na mesma área e a grande facilidade de mobilidade interna fez com que as relações intertribais ocupassem um plano de destaque na vida do índio. Este relacionamento tornou-se tão importante que, praticamente, o único traço de distinção entre as tribos é a língua. Na região estão presentes os representantes de três das quatro principais famílias linguísticas indígenas do Brasil, a saber: Tupi, Aruaque e Caribe. Porém, apesar desta diferença de línguas as tribos aí localizadas possuem uma organização política, social e cultural idênticas, caracterizadas pelas crenças, ritos cerimoniais e festas, ritmo de vida e ciclo de atividades bastante semelhantes e integradas, constituindo o que o antropólogo Galvão, em 1953, denominou “cultura Xinguana” ou “área cultural do Alto Xingu”.

Assim sendo, o estado de considerável isolamento e a longa ocupação de uma mesma área geográfica, com relativa proximidade entre as aldeias, contribuíram para um grande entrelaçamento entre as tribos do Alto Xingu, sob um ponto de vista social e cultural, embora, na realidade, representem nações totalmente independentes.

Figura 13- Minha primeira visita ao Posto Diauarum em 1971.

Figura 13- Minha primeira visita ao Posto Diauarum em 1971.

Figura 14- Vista aérea do Posto Diauarum em 1990.

Figura 14- Vista aérea do Posto Diauarum em 1990.

Figura 15- Vista aérea do campo de pouso em 1990.

Figura 15- Vista aérea do campo de pouso em 1990.

Figura 16- Vista aérea do rio Xingu à beira do Posto Diauarum em 1990.

Figura 16- Vista aérea do rio Xingu à beira do Posto Diauarum em 1990.

Figura 23- Navegando pelo rio Xingu e pelos atalhos do rio, para cortar caminho, durante a época das chuvas que só os índios conhecem.

Figura 23- Navegando pelo rio Xingu e pelos atalhos do rio, para cortar caminho, durante a época das chuvas que só os índios conhecem.

Figura 17- Edificações do Posto Diauarum em 1990.

Figura 17- Edificações do Posto Diauarum em 1990.

Figura 18- Reunião com as lideranças indígenas no Posto Diauarum em 1990. Ao meu lado esquerdo está Megarom que foi diretor do PIX.

Figura 18- Reunião com as lideranças indígenas no Posto Diauarum em 1990. Ao meu lado esquerdo está Megarom que foi diretor do PIX.

Figura 19- Refeitório do Posto Diauarum em 1990.

Figura 19- Refeitório do Posto Diauarum em 1990.

Figura 20- Grupo partindo para visita a aldeias indígenas em 1990.

Figura 20- Grupo partindo para visita a aldeias indígenas em 1990.

Figura 21- Navegando pelo rio Xingu e pelos atalhos do rio, para cortar caminho, durante a época das chuvas que só os índios conhecem.

Figura 21- Navegando pelo rio Xingu e pelos atalhos do rio, para cortar caminho, durante a época das chuvas que só os índios conhecem.

Figura 22- Navegando pelo rio Xingu e pelos atalhos do rio, para cortar caminho, durante a época das chuvas que só os índios conhecem.

Figura 22- Navegando pelo rio Xingu e pelos atalhos do rio, para cortar caminho, durante a época das chuvas que só os índios conhecem.

Figura 24- Chegada a aldeia Juruna em 1990.

Figura 24- Chegada a aldeia Juruna em 1990.

Figura 25- Banho de rio na aldeia Juruna em 1990.

Figura 25- Banho de rio na aldeia Juruna em 1990.

Figura 26- Trabalho de campo na aldeia Juruna em 1990.

Figura 26- Trabalho de campo na aldeia Juruna em 1990.

Figura 27- Visão da área do Posto Leonardo destacando-se o local de atendimento médico.

Figura 27- Visão da área do Posto Leonardo destacando-se o local de atendimento médico.

Figura 28- Visão da área do Posto Leonardo destacando-se a cozinha e refeitório.

Figura 28- Visão da área do Posto Leonardo destacando-se a cozinha e refeitório.

Figura 29- Vista aérea da região do Alto Xingu, dentro do PIX, destacando-se o rio Kuluene afluente do Xingu e a aldeia Kalapalo na sua proximidade.

Figura 29- Vista aérea da região do Alto Xingu, dentro do PIX, destacando-se o rio Kuluene afluente do Xingu e a aldeia Kalapalo na sua proximidade.

Figura 30- Vista aérea da aldeia Kuicuru próxima de um dos mais lindos lagos da região.

Figura 30- Vista aérea da aldeia Kuicuru próxima de um dos mais lindos lagos da região.

Figura 31- Vista aérea da aldeia Kuicuru próxima de um dos mais lindos lagos da região.

Figura 31- Vista aérea da aldeia Kuicuru próxima de um dos mais lindos lagos da região.

Figura 32- Vista aérea da aldeia Kamaiurá e a lagoa do Ipavu.

Figura 32- Vista aérea da aldeia Kamaiurá e a lagoa do Ipavu.