Capítulo 3: O XII Congresso Latino-Americano como trampolim para a criação do Congresso Mundial

Chegamos a julho de 1996 e à realidade do XII Congresso Latino-Americano. Conforme o esperado o evento revestiu-se de um completo êxito, tanto no que diz respeito aos aspectos científicos quanto às negociações para a criação de um futuro Congresso Mundial. Do ponto de vista científico, a satisfação foi enorme posto que a maioria dos convidados internacionais europeus e norte-americanos esteve presente, e dentro das minhas expectativas o intercâmbio profissional e social entre eles e nossos colegas latino-americanos revelou-se altamente positivo, inclusive tendo surgido alguns convites para que estes últimos fossem desenvolver trabalhos de pesquisa no exterior. Quanto às negociações para a criação do Congresso Mundial, como aqui estiveram presentes o presidente da ESPGHAN e alguns expoentes da NASPGHAN, houve um avanço significativo, principalmente pela firme disposição de Cadranel em levar adiante junto aos seus pares europeus esta iniciativa, a qual lhe parecia altamente meritória. Da parte dos membros da NASPGHAN também houve uma boa aceitação, porém, não tão entusiasmada, mas pelo menos não houve uma rejeição objetiva. De qualquer forma, algum saldo positivo houve porque ficou definido que uma decisão final para o SIM ou para o NÃO seria tomada no ano seguinte no Congresso Anual da ESPGHAN que seria realizado em Tessalônica, Grécia. Teria eu, portanto que aguardar ansiosamente todo um ano para saber qual seria o destino do meu sonho, seria ele transformado em uma risonha realidade ou a constatação de uma triste desilusão, o tempo diria…

Por outro lado, além dos pontos alvissareiros acima  assinalados, alguns outros aspectos extremamente positivos também emergiram do nosso XII Congresso Latino-Americano, a saber: 1- houve participação de mais de 500 congressistas, uma das maiores assistências até então entre nossos congressos, oriundos de todos os países da América do Sul, alguns da América Central e Caribe, também do México, além de uma numerosa delegação espanhola; 2- as apresentações científicas foram de elevado valor de qualidade; 3- os convidados internacionais tiveram participação extremamente ativa nas discussões plenárias; 4- os convidados internacionais se convenceram de que o nível científico dos trabalhos apresentados pelos colegas latino-americanos era bastante interessante, desfazendo-se um antigo pré-conceito vigente, de que a baixa qualidade dos nossos trabalhos seria uma regra geral; 5- fui eleito Presidente da LASPGHAN para um mandato de 3 anos (1996-1998) até o próximo Congresso em Puebla, México, com total respaldo moral para continuar batalhando pela criação do Congresso Mundial, posto que esta foi uma das bases da minha plataforma de atuação.

A partir dos ótimos resultados obtidos no nosso Congresso, teria eu, desta forma, cumprido parte dos postulados propostos pelo meu mestre e tutor Dr. Horácio Toccalino, posto que havia sido dado o primeiro grande passo para o processo de aceitação da LASPGHAN pelas congêneres norte-americana e europeia. Aliás, neste momento vale a pena uma digressão e recordar um pouco da trajetória inicial da nossa Sociedade, e a transcendental importância que Toccalino representou para sua criação.